4 de nov. de 2011

Em paz, com Deus

Me encontro há dias tentando entender o sentido e a aplicação da palavra "paz" nos meus dias, na minha vida. E ainda não consegui uma resposta digna.
Andei viajando, pensando em mim e no mundo. No mundo e em mim. Em países do oriente médio, como a Líbia, por exemplo, ou qualquer país em guerra civil, a ideia de paz vem sempre ligada com o princípio da não violência(salve Gandhi!). Em morros e favelas brasileiros, a compreensão também é a mesma - não violência, não ameaça.
No Hospital Geral Clériston Andrade, um dia de paz talvez seja um dia estável, com poucas ou nenhuma(meio impossível,mas vai) entrada de paciente gravíssimo. O trânsito em paz é um trânsito livre, onde carros não precisam esperar e pessoas não precisam temer. Uma cirurgia ou uma operação policial ocorrem em paz quando tudo dá certo e nada extraordinário acontece.
Seria, então, a paz uma coisa ordinária, comum? Convencionou-se uma ideologia de naturalidade das coisas que nos fez acreditar que esse tal fluído comum, não violento, estável e livre das coisas seja o sinônimo de paz. Mas paz é isso mesmo? Estabilidade, ordinariedade. Que  tédio,não? Será que a paz é chata?

Penso em mim e nas vezes em que tive (e tenho) paz e como cheguei até ela. Noto que a minha paz vem com o esquecimento. Esquecer de todas as adultices que nos ensinam (e nos adestram) é estar em paz; esquecer de verdade e deixar a mente livre pra buscar as coisas boas na memória. Esquecer que amanhã tem aula cedo, que há contas a pagar, que alguém ficou doente, ou desempregado, esquecer as cascavéis da beira da estrada(não sem antes pisar na cabeça delas!), esquecer a roupa suja, a DR, a cotação do dólar, o que for. Esquecer dos outros me deixa em paz, esquecer de mim um pouquinho também. Esquecer de tudo, e eu falo de TUDO mesmo.
Na verdade, só as crianças podem explicar bem o que é ter paz. Não há preocupações, dilemas ou cobranças sociais. Só precisam tomar banho às 17h e fazer a lição de casa nos anos mais avançados. Quando eu penso como uma criança, eu entendo a paz.
Minha paz chega até o meu lugar com o vazio de preocupações, tensões, perguntas, curiosidades. Paz é sossego. Paz é paz,pô.

Mas o que é paz pra você?

Um comentário:

Roque Freitas disse...

Minha paz hoje, é uma pessoa... quando penso nela fico em paz, quando estou com ela fico em paz.
Paz no contexto geral é subjetivo, o homem faz a guerra pensando na paz!
Que paz é essa? Acima de todas as coisas é como você colocou no texto, somente as crianças sentem a verdadeira paz, a paz da ignorância de viver em um mundo imaginário onde tudo é perfeito.

Belíssimo texto colega, parabéns!